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10/07/2008

Greve dos Correios atrasa entrega de 70 milhões de correspondências

A greve dos funcionários da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos), que chegou nesta quarta-feira ao nono dia, fez com que 70 milhões de correspondências não chegassem em seus destinatários. O volume diário em dias normais é de 33 milhões de objetos.

Segundo os Correios, se a greve terminasse hoje, seriam necessários cerca de dez dias para regularizar a entrega dos itens atrasados, em conjunto com o volume normal de correspondências.

Nesta quarta-feira, 35% dos carteiros de todo o Brasil estavam de braços cruzados e, das pouco mais de 7.000 agências do país, 398 não cumprem a liminar do TST (Tribunal Superior do Trabalho) que determina que pelo menos 50% dos funcionários trabalhem em cada uma das unidades.

A ordem do TST prevê que a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) pague multa diária de R$ 30 mil pelo descumprimento.

Para os Correios, 21 Estados mais o Distrito Federal aderiram a paralisação. Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Roraima e Tocantins não estão em greve, segundo os Correios. A Fentect afirma que a greve atinge 23 Estados e Distrito Federal.

A categoria reivindica, segundo a Fentect, o cumprimento integral de um acordo assinado em novembro de 2007. Os principais pontos não cumpridos seriam a incorporação de 30% de adicional de periculosidade nos salários, negociação do plano de carreira e participação nos lucros.

Por sua vez, os Correios afirmam que o compromisso foi cumprido e mantêm o posicionamento de cortar o ponto dos grevistas.

Apoio

O secretário geral da Fentect, Manoel Cantoara, afirmou hoje que busca apoio do governo para abrir negociação com a direção dos Correios. Ele afirmou já ter se encontrado com deputado federal e presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini (PT-SP), com o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS) e com o senador Paulo Paim (PT-RS).

"Nós estamos tentando abrir caminhos dentro do governo", disse Cantoara. Ele afirmou que, até hoje, a direção dos Correios não aceitou marcar nenhum encontro com os representantes da greve.

Por outro lado, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, se mostrou contrário a paralisação, por entender que o acordo está sendo cumprido pela empresa.

"Não precisa ir à greve. Greve a gente só usa em última instância, e infelizmente a greve nos Correios foi a primeira instância. Ao invés de discutir até o último momento, preferiu-se fazer uma greve que prejudica o país", disse Costa.