Investimentos vão sustentar crescimento contínuo do PIB, dizem empresários
FERNANDO ANTUNES
colaboração para a Folha Online
Alguns dos mais importantes empresários brasileiros afirmaram nesta quarta-feira que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 6,1% anunciado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é positivo, mas é preciso planejar os investimentos para sustentar a elevação da economia.
"O Brasil está vivendo um momento extraordinário. Esse crescimento é fruto dos investimentos que estão acontecendo no país", afirmou o presidente do grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter.
A economia brasileira teve expansão de 6,1% no segundo trimestre de 2008, na comparação com igual período no ano passado. No acumulado do semestre, o incremento do PIB foi de 6% em relação ao período de janeiro a junho de 2007. Em relação ao primeiro trimestre de 2008, o PIB trimestral cresceu 1,6%.
Ao todo, a economia movimentou R$ 716,9 bilhões de abril a junho e R$ 1,3 trilhão no primeiro semestre. Trata-se do melhor semestre desde os primeiros seis meses de 2004, quando o PIB cresceu 6,6%. O resultado ficou acima do que previam economistas e analistas de mercado ouvidos pela Folha Online, que estimaram a variação do PIB no segundo trimestre entre 5% e 5,3%.
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Segundo Gerdau, o país ainda tem a "felicidade" de ter a inflação em queda. "Essa conjugação [alta do PIB e queda da inflação] é favorável", afirmou.
Apesar de a economia ter crescido acima da expectativa do governo e do mercado, Gerdau afirmou que o empresário brasileiro não consegue ficar tranqüilo. "O empresário nunca está tranqüilo. Porque quando [o país] está mal, temos que resolver os problemas que estão ruins. Quando o crescimento está forte, temos que planejar como investir", explicou.
Para o presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, o Brasil precisa intensificar os investimentos em infra-estrutura e educação. "O que a gente tem de focar agora é mais nos entraves que temos para crescer, com infra-estrutura e educação. Se a gente resolver os entraves, não tem nada hoje que impeça o Brasil de crescer", afirmou.
Indústria
O presidente da Fiat no Brasil, Cledorvino Belini, afirmou que já esperava esse crescimento e o importante é que o país possa sustentar esse índice. "A grande prioridade agora é controlar e segurar a inflação baixa para que realmente se possa consolidar toda aquela camada de classe D e E que passaram para a classe C no mercado de consumo".
De acordo com Belini, a economia fechará o ano de forma positiva, mas é preciso se preocupar com 2009. "O próximo ano, com o crescimento dos juros, haverá uma redução [no PIB]. Esperamos que não seja muito".
Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, o crescimento de 6,1% no PIB foi menor que o crescimento dos impostos. "Mas vale a pena notar que o crescimento dos impostos foi de 8,5%. Então temos esse lado negativo".
Skaf informou que já aguardava um índice acima do esperado para o crescimento da economia, tanto que a Fiesp revisou a expectativa de crescimento do PIB de 4,8% para 5,4% este ano.
"Nós temos nos acostumar que o Brasil precisa crescer e isso não é uma coisa tão difícil de acontecer. Esse crescimento [de 6,1%], apesar de ser bom, está em torno da média mundial e abaixo dos países emergentes ainda", considerou o presidente da Fiesp.
Infra-estrutura
A Abdib (Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base) credita o crescimento da economia ao aumento dos investimentos em infra-estrutura, feitos pelos governos, estatais e iniciativa privada.
"A expansão da economia, quando suportada pelo aumento dos investimentos, gera reflexos positivos que se estendem por longo prazo, sem efeito inflacionário", explica o presidente da Abdib, Paulo Godoy.