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16/10/2008

IBGE: consumidor brasileiro já se retraiu

Embora a crise financeira tenha piorado a partir de setembro, após a concordata do banco de investimento Lehman Brothers, o comércio varejista brasileiro começou a sentir os impactos da turbulência global um mês antes, em agosto, resultado do aumento do custo do crédito ao consumidor, revela a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE. Das dez atividades acompanhadas, sete apresentaram desaceleração em agosto frente a julho deste ano e oito na comparação a igual mês de 2007. O resultado foi um desempenho um pouco pior das vendas como um todo, embora o ritmo permaneça elevado.

O volume de vendas cresceu 9,8% em agosto frente a igual mês do ano passado - em julho, a alta fora de 11,3% contra o mesmo mês de 2007. Na comparação entre agosto e julho, o aumento foi de 1,1%, após ficar em 0% um mês antes. O volume de vendas acumulou crescimento de 10,6% no ano e 10,2% nos 12 meses terminados em agosto.

Varejo tende a desacelerar mais em setembro e outubro

Segundo o técnico da coordenação de comércio e serviços do IBGE, Nilo Lopes, os agentes econômicos ficaram mais cautelosos em conceder crédito aos consumidores em agosto, vésperas da piora da crise financeira. Os impactos foram maiores em três atividades: automóveis e motos; móveis e eletrodomésticos; e materiais de construção.

- Foi uma prevenção, um cuidado que os principais agentes econômicos tiveram, principalmente no financiamento de bens duráveis, como carros e eletrodomésticos.

As vendas de automóveis e motos caíram 3,7% em agosto frente ao mês anterior e cresceram 2,4% na comparação a igual mês do ano passado. Em julho, os resultados haviam sido, respectivamente, de 0,6% e 24,8%. No comércio de móveis e eletrodomésticos, a variação nas vendas passou, frente ao mês anterior, de 1,3% em julho para 1% em agosto; na comparação a igual mês de 2007, o ritmo reduziu de 19,7% para 13,1%. Já as vendas de material de construção em agosto caíram 1,6% frente a julho e cresceram 2,4% contra o mesmo mês do ano passado. Em julho, o setor havia crescido 1,1% e 19,3%, respectivamente.

Segundo Lopes, o comércio não desacelerou mais graças ao grupo de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que representa 40% do índice. O segmento cresceu 1,1% e 7,8% em agosto, frente a julho e a igual mês do ano passado, respectivamente, resultado da queda do preço dos alimentos.

Ele acrescentou que os resultados do comércio de setembro e outubro terão um impacto maior da crise, e que os números do Natal podem ficar mais fracos.


- Passamos por um momento de forte redução do crédito e valorização do dólar. Neste ambiente, o comércio certamente terá desempenho afetado. Não se pode esperar melhoras pela frente.

Governo projeta 1,8 milhão de novos empregos em 2009

O impacto da crise na agricultura - setor cujas exportações serão afetadas pela desaceleração da economia mundial e pela expectativa de queda de preços das commodities - impedirá que 2009 mantenha o ritmo surpreendente de geração de empregos com carteira, que deve ultrapassar 2,1 milhões de postos este ano. Mesmo assim, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, prevê a criação de 1,8 milhão de vagas em 2009, superando o 1,6 milhão de 2007, até agora recorde histórico.

Entre janeiro e setembro, puxado pelo setor de serviços, o mercado de trabalho formal gerou 2,086 milhões de postos, ultrapassando a meta prevista para o ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.

A produção física da indústria paulista cresceu 1,3% em setembro, segundo o Sinalizador da Produção Industrial (SPI) divulgado pela FGV. Para o pesquisador do índice, Paulo Picchetti, o indicador ratifica uma tendência de acomodação nas atividades do setor, que já vinha de meses anteriores - em agosto, o SPI caíra 1,8% -, e o indicador de setembro pouco captou da piora no cenário econômico, que se acentuou no fim do mês.

- A crise internacional vem de mais de um ano e já sinalizava uma redução da demanda, situação para a qual a indústria vinha ajustando a produção. E ainda há o efeito do novo ciclo de aumento dos juros (iniciado em abril) - disse Picchetti.