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19/02/2009

Estados podem perder com mudanças no ICMS

Mônica Izaguirre, de Brasília

As mudanças em relação ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) produzirão, isoladamente, mais perdas do que ganhos para o conjunto dos Estados brasileiros, se forem implementadas na forma aprovada pela comissão especial da reforma tributária da Câmara, no fim de 2008. Entre ganhos e perdas, se forem ignorados efeitos positivos macroeconômicos e medidas compensatórias contidas na proposta, haverá redução crescente da receita anual com o imposto, estimada R$ 6,9 bilhões para o último ano da transição, possivelmente 2021.

O dado, expresso a preços de 2008, faz parte de estudo recente do Ministério da Fazenda e ajuda a compreender por que há tanta resistência dos governos estaduais e parte dos deputados à reforma tributária. Um fator adicional de resistência é que a perda será concentrada em alguns Estados. Para esses, o impacto isolado do novo desenho ICMS representará perda anual de R$ 16,4 bilhões a partir do último ano de transição. No conjunto das Unidades da Federação, a conta só é menos salgada (R$ 6,9 bilhões) porque aquelas que se beneficiarão vão ter ganho adicional de R$ 9,5 bilhões por ano.

O efeito da reforma, porém, não se restringe ao impacto específico das alterações nas regras de cobrança do ICMS. Considerando todos os efeitos da PEC, segundo o mesmo estudo, nenhum Estado vai perder e o conjunto deles ainda vai ganhar R$ 37,4 bilhões a mais de receita por ano, a preços de 2008, a partir do último ano de transição, destaca o relator da reforma e líder do PR, deputado Sandro Mabel (GO). Na esperança de que prevaleça essa visão mais ampla sobre os impactos da proposta, ele apresentou o estudo do ministério aos líderes partidários na Câmara, ontem, na esperança de reduzir as resistências à sua aprovação.

O primeiro motivo para tranquilidade, segundo ele, é que a PEC assegura compensação de perdas para os Estados perdedores via Fundo de Equalização de Receitas (FER). Em todos os anos da transição, o FER terá sempre recursos suficientes ou superiores aos necessários para cobrir as perdas desse segmento. Para 2021, por exemplo, para perdas estimadas em R$ 16,4 bilhões, o FER deverá ter R$ 17,9 bilhões, segundo Mabel.

O relator destacou que, além do FER, é preciso considerar compensações via aumento de verbas para políticas de desenvolvimento regional, efeitos positivos do fim da guerra de isenções fiscais hoje travada entre os Estados e o aumento da eficiência das empresas, fator que fará com que o Produto Interno Bruto cresça anualmente 0,5% acima do poderia crescer sem a reforma. Somando tudo é que o efeito líquido estimado fica positivo e chega a R$ 37,5 bilhões, segundo Mabel.

A União pagará a conta da perda dos Estados ao dar compensações. Mas por causa dos efeitos macroeconômicos relacionados a ganho de eficiência da economia e aumento da base de contribuintes, também ganhará, liquidamente, o equivalente a R$ 1,5 bilhão por ano, a preços de 2008, quando totalmente implementada a reforma.