Arrecadação de impostos sobre a produção aumentou 8,5% em 2004
Na coleção de recordes dos números da economia em 2004, os impostos ganharam lugar de destaque, ajudando a engordar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB). A arrecadação de tributos sobre a produção aumentou 8,5% no ano passado, na maior alta desde 1995, quando essa variação alcançou 10,5%. Descontando o efeito dos impostos, o PIB teria crescido 4,8%, em vez dos 5,2% divulgados ontem pelo IBGE.
Segundo Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, a alta das vendas de automóveis e de máquinas e equipamentos foi a principal responsável pelo aumento nos impostos:
? Foi o ano dos bens duráveis, setor que paga muito imposto. Em 2003, estava em queda ? explicou Rebeca.
A arrecadação de ICMS ? tributo que responde por 65% dos impostos sobre produtos ? teve alta de 7,7%. O recolhimento de IPI e ISS cresceu 10,3%. E no caso do Imposto sobre Importação o aumento foi de 17,6%, refletindo o desempenho desse setor, que foi positivo em 2004 ? uma alta de 14,3%, depois do recuo de 1,7% no ano anterior.
A arrecadação maior do ICMS veio da energia elétrica, setor que apresentou uma taxa de 5% em 2004. De acordo com Armando Castelar, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), esse comportamento dos impostos no PIB já mostra que houve aumento de carga tributária em 2004:
? Se os impostos cresceram mais que a economia, a carga deve ter sido mais alta no ano passado.
Além da arrecadação maior com o aquecimento da demanda doméstica, houve mudança de alíquotas, como a da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins):
? A transição do imposto em cascata resultou num aumento de alíquota.
Governo reduz peso na economia, diz economista
O aumento de arrecadação não se refletiu em consumo maior do governo. A taxa de 2004 foi de 0,7%, contra 1,3% em 2003. Esse comportamento se manteve no último trimestre do ano. O gasto governamental de outubro a dezembro praticamente não se alterou: a taxa de variação foi de 0,8%.
Com a expansão em 2004, o consumo do governo, destaca o economista Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, teve um crescimento per capita negativo:
? Os gastos do governo vêm crescendo a um ritmo bem menor do que o PIB. Isso mostra que o governo tem reduzido seu peso na economia.
Fonte: O Globo