Corte de IPI não é mais necessário, diz Reze
Michelly Chaves Teixeira, Cleide Silva
O presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Sérgio Reze, disse ontem estar otimista com o desempenho do mercado automobilístico neste ano e acredita que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) não é mais necessária. O benefício fiscal, em vigor há mais de um ano, termina no fim do mês. "Não vemos a possibilidade de que o IPI reduzido seja mantido. O desconto se esgotou em função do crescimento vigoroso da economia."
Além das condições macroeconômicas favoráveis, Reze acha que as vendas de veículos terão o estímulo de promoções agressivas por parte das montadoras. "A competição acirrada motivará o mercado."
Embora considere que o mercado não precise mais se amparar no IPI reduzido, Reze acredita que neste mês as vendas serão "bem superiores às de janeiro e fevereiro." Ele não revelou números, mas as montadoras calculam que os negócios devem ficar entre 310 mil e 320 mil unidades por causa de possíveis antecipações de compra.
Brasil sobe no ranking
A indústria brasileira registrou no mês passado o melhor fevereiro de todos os tempos, com 220.988 unidades vendidas, das quais 211,4 mil são automóveis e comerciais leves e o restante caminhões e ônibus. O volume total é 3,6% superior ao de janeiro e 10,8% maior que o de igual mês do ano passado, conforme dados antecipados pelo mercado na segunda-feira.
No acumulado do bimestre, as vendas somam 434.271 veículos (sendo 413.122 automóveis e comerciais leves), volume 9,45% acima do obtido no mesmo período de 2009. Com esse resultado, o Brasil passou a ser o quarto maior mercado mundial de veículos, ultrapassando a Alemanha, que vendeu no período 375.989 veículos.
Em 2008 e 2009, o Brasil ficou em quinto lugar no ranking mundial de vendas, atrás da China, Estados Unidos, Japão e Alemanha. No primeiro bimestre, apenas as três primeiras posições foram mantidas, de acordo com dados preliminares de vendas divulgados por associações e analistas internacionais.
O Japão vendeu 661,5 mil veículos e os EUA, 1,479 milhão. A China ainda não divulgou dados de fevereiro, mas projeções apontam para vendas superiores a dois milhões de carros no primeiro bimestre.
Motos
As vendas de motocicletas em fevereiro caíram 0,57% ante janeiro, para 120.832 unidades. Porém, subiram 13,2% em relação a fevereiro de 2009. Foi o segundo melhor fevereiro da história deste segmento, perdendo apenas para 2008, com 139.112 unidades.
No primeiro bimestre, o comércio de 242.360 motocicletas no País também foi o segundo melhor para o período, ficando abaixo do de 2008, quando foram vendidas 284.702 motos.
Reze se queixou das exigências das instituições financeiras na liberação de empréstimos para motocicletas. "Os bancos não podem colocar exigências que não têm condições de ser cumpridas pelo tomador."
Em conjunto com representantes do Sindicato de Motofretistas de São Paulo, a Fenabrave pediu ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que ele solicite à Caixa Econômica Federal flexibilidade nos critérios para a concessão de empréstimo aos motociclistas.