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22/07/2010

Estrangeiros entram na disputa pelo lixo brasileiro

Martha San Juan França

A aprovação pelo Senado da Política Nacional de Resíduos Sólidos, em 7 de julho, está abrindo possibilidades de ampliação dos negócios em tratamento do lixo.

O exemplo mais recente é da Serquip, uma das maiores empresas especializadas na gestão de resíduos sólidos urbanos, principalmente resíduos hospitalares, que teve 70% das ações compradas pela Stericycle, uma gigante do segmento, com operação nos Estados Unidos, Argentina, Chile, Irlanda, Portugal, Romênia e Inglaterra.

Alexandre Menelau, sócio-presidente da Serquip e agora principal executivo da Stericycle no Brasil, diz que a empresa, cujo faturamento no ano passado foi de US$ 20 milhões e detém 30% do mercado brasileiro, vai aumentar de tamanho e expandir sua atuação para outras regiões. "Com a Stericycle, ganhamos mais tecnologia e a tendência é, no mínimo, dobrar de tamanho em três anos", diz.

Menelau espera aumentar a participação no mercado de gestão de resíduos no Norte e Sudeste. A Serquip possui unidades operacionais em oito Estados, sendo São Paulo e Rio de Janeiro os principais mercados. Na Região Norte, a presença da empresa é mínima.

Novas aquisições

O empresário não quis revelar o valor de compra da companhia, segundo explica, porque a Stericycle, que fatura cerca de US$ 1,4 bilhão, está aberta a novas aquisições.

Menelau credita esse interesse no mercado brasileiro às perspectivas abertas com a aprovação da Política Nacional de Resíduos. "Tenho certeza de que haverá uma grande movimentação do mercado nos próximos anos", afirma. "O marco regulatório vai atrair mais investimento estrangeiro."

Carlos Roberto da Silva Filho, diretor-executivo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), também acredita que as perspectivas são promissoras.

"As obrigações impostas aos empresários, aos governos e aos cidadãos no gerenciamento dos resíduos com a regulamentação levará à busca de novas opções de tratamento e será necessário fazer novos investimentos, sobretudo em tecnologia."

Ele lembra que, como o setor não dispõe de infraestrutura adequada, as empresas terão que recorrer às experiências internacionais para ter acesso a esses recursos.

Silva Filho diz que o interesse das multinacionais já se manifesta e lembra o acordo do grupo Mota-Engil com o brasileiro Leão & Leão, para aquisição de 50% da Geovision, holding detentora de várias empresas que trabalham na limpeza urbana, triagem e aproveitamento de resíduos, além de gestão de aterros sanitários.

Otimismo a médio prazo

Segundo Diógenes Del Bel, diretor-presidente da Associação Brasileira de Tratamento de Resíduos (Abetre), hoje, apenas 38% dos resíduos têm destinação adequada no país. O setor privado fica com 12% desse montante, e movimenta R$ 400 milhões por ano.

Com o marco regulatório, será preciso mais que dobrar a coleta e disposição dos resíduos, o que significa boas oportunidades para as empresas a médio prazo.

Del Bel explica que a criação de novas tecnologias não é um problema e que as dificuldades para alcançar os 100% de coleta e tratamento são de gestão pública. "O gargalo ocorre porque muitos municípios que são responsáveis por esse serviço não têm condições financeiras e de infraestrutura para acompanhar a demanda", afirma.