Copom admite juro mais alto
BRASÍLIA - Quem esperava do Banco Central (BC) um sinal de que o processo de alta de juros iniciado há oito meses tivesse chegado ao fim com a forte subida da taxa Selic na semana passada pode ter se decepcionado com a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem.
A ata não dá indicações do que virá pela frente. Avisa apenas que o Copom vai acompanhar "atentamente" as perspectivas para a inflação, até a sua próxima reunião, em maio, para então definir os próximos passos da política monetária. O documento explica que a decisão de elevar a taxa básica de 19,25% para 19,50% - que surpreendeu a maior parte dos analistas - foi tomada porque ainda existem focos localizados de pressão inflacionária no mercado interno, e, além disso, o cenário da economia internacional se deteriorou, o que também pode provocar alta de preços no Brasil.
A ata diz que as expectativas de inflação para 2005 pioraram nas últimas semanas. De acordo com projeções do BC, no nível em que indicadores como taxa de câmbio e juros estavam na véspera da última reunião do Copom, a meta de 5,1% para este ano não seria cumprida. A situação é melhor, contudo, quando se considera um horizonte mais longo. Os cálculos do BC, segundo a ata, indicaram que a inflação pode ficar acima das metas até o primeiro trimestre do próximo ano, mas em seguida começaria a convergir para os objetivos do governo.
No final de 2006, a inflação ficaria abaixo da meta oficial de 4,5% estabelecida para o ano. Ou seja, segundo o Copom, a inflação está alta agora, mas pode ceder mais adiante. A previsão favorável para 2006 indica que as sucessivas elevações dos juros estão produzindo efeitos nas expectativas do mercado para prazos mais longos. No plano mais imediato, no entanto, as expectativas foram "pouco sensibilizadas" pelos fatores que deveriam ajudar a reduzir as pressões inflacionárias.
Entre esses fatores, a ata menciona a desaceleração no ritmo de crescimento da economia, que está agora mais compatível com as condições de oferta de produtos, reduzindo os riscos de altas.