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03/03/2011

BC eleva juro para 11,75%, e governo vê IPCA acima da meta

Eduardo Cucolo
Gustavo Patu
de Brasília

O Banco Central anunciou ontem a segunda das quatro altas esperadas para este ano na taxa básica de juros (Selic), que passou de 11,25% para 11,75% anuais, maior nível em dois anos.
O aumento é parte do trabalho iniciado no fim de 2010 para esfriar a economia, frear o crédito e tentar controlar a inflação, que está hoje no maior nível em seis anos.
O próprio governo já admite oficialmente que a inflação deve superar neste ano o centro da meta, de 4,5%. Ontem, o Ministério do Planejamento elevou de 4,5% para 5% a projeção para o IPCA, usado para o cálculo das receitas.

Em dezembro, o BC havia estimado uma variação de preços de 4,8% em 2011. As previsões oficiais, no entanto, ainda são mais otimistas que a dos analistas -5,8%. Internamente, o governo já trabalha com alta de 5,5%.

No comunicado divulgado sobre a decisão, que já era esperada e foi unânime, o BC disse que deu "seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias".
Essa foi a segunda reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) no governo Dilma Rousseff.

A aposta do mercado é que a taxa voltará a subir nos dois próximos encontros, em 20 de abril e 8 de junho, para encerrar o ano em 12,50%.

O BC vive um momento complicado. Diz que é possível trazer a inflação do patamar atual de 6% para um nível mais próximo da meta.

As previsões do mercado, que pioram a cada semana, são que esse objetivo não será alcançado neste ano, mesmo com a ação do governo.

Por isso, alguns analistas defendem uma alta maior dos juros, apesar da desaceleração da economia verificada desde o fim de 2010 e que deve ser confirmada hoje com a divulgação do PIB.

Outras medidas

Antes de aumentar a taxa básica, o BC já havia anunciado restrições a financiamentos ao consumo com prazo superior a 24 meses.

Também retirou da economia, em dezembro, a última parte do dinheiro injetado na crise de 2008. No mês passado, o governo anunciou ainda corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União.

As primeiras mudanças já se refletiram em juros mais altos e queda nos empréstimos, mas ainda não tiveram impacto significativo sobre o consumo. Em relação aos gastos público, o governo ainda não convenceu o mercado de que conseguirá realizar o corte anunciado. Outras economias emergentes, como China e Rússia, também já elevaram os juros e adotaram outras medidas para segurar a inflação.

Mas as taxas nesses países são mais baixas que no Brasil -líder global em juros reais.
Esse é um dos fatores que contribuem para atrair mais dólares para o país e derrubar a cotação da moeda.

Participaram da reunião Altamir Lopes (Administração) e Sidnei Corrêa Marques (Liquidações e Operações de Crédito Rural), novos diretores indicados por Dilma.

Fonte: Folha de S.Paulo