Dólar volta aos R$ 2,384, menor cotação em mais de 3 anos
Apesar da redução no volume de negócios, por conta do feriado de ontem (Corpus Christi), o dólar manteve a trajetória de queda hoje e fechou na menor cotação em mais de três anos.
A moeda norte-americana caiu 1,07% e terminou a sexta-feira valendo R$ 2,384 --menor valor desde 30 de abril de 2002. Na semana, o dólar acumula queda de 2,33% em relação ao real.
Hoje, teoricamente, deveria ter sido um dia de poucas oscilações no câmbio, por causa dos feriados --Corpus Christi ontem e Memorial Day nos Estados Unidos na próxima segunda-feira. As mesas de operações de câmbio funcionaram em esquema de plantão nesta sexta-feira.
Júlio César Vogeler, da corretora Didier Levy, avalia, entretanto, que muitas tesourarias de bancos preferiram reduzir suas posições em dólares para evitar surpresas na próxima semana.
Isso porque, de acordo com o analista, os ingressos de recursos no país, por meio de captações e das exportações, continuam empurrando a divisa norte-americana para baixo.
Na última quarta-feira (25), o Tesouro Nacional captou US$ 500 milhões no exterior com a reabertura de uma oferta de bônus Global 2034. Os títulos (que têm vencimento em 2034) pagarão aos investidores que os adquiriram taxa de 8,814% ao ano.
No dia 10 deste mês, o governo já havia conseguido outros US$ 500 milhões com a venda de papéis no exterior que vencem em 2019. Na ocasião, pagou juros maiores, de 8,83% ao ano.
Rumores de captações de empresas privadas reforçam ainda mais a expectativa de entradas de dólares no país. No início da semana, a petroquímica Brasken confirmou uma operação de US$ 150 milhões.
Hoje, especificamente, a boa notícia foi a divulgação do relatório do banco de investimentos Merrill Lynch, que elevou a recomendação para títulos da dívida do Brasil. "Isso gera a entrada de mais investidores no país", afirmou Vogeler.
O banco avalia que os títulos brasileiros têm apresentado bom desempenho e podem atingir novos picos.
A taxa básica de juro (Selic) alta é outro fator que contribui com a aplicação de recursos no país, pois atrai os investidores que buscam rendimentos maiores. O juro alto, por outro lado, tem um impacto negativo nas contas do governo, já que acaba elevando os custos com a dívida pública.
Sobre a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que elevou o juro básico de 19,5% para 19,75% ao ano, analistas do mercado consideram que não houve surpresas.
"A Ata do Copom veio dentro do esperado, sem nenhuma informação nova", avalia Alexandre Póvoa, do Banco Modal.
No documento, divulgado hoje, o Copom mostra que continuará perseguindo uma inflação de 5,1% para este ano e que pode voltar a elevar a taxa Selic em junho apesar de enxergar uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia. O BC considera, inclusive, a possibilidade de acelerar o ritmo de aumento dos juros para conter a inflação.
Com o cenário econômico doméstico positivo, analistas consideram que as questões políticas, como a criação da CPI mista dos Correios, acabam tendo pouco impacto no câmbio.
Fonte: Folha On Line