A importância da segurança de dados para as empresas
No Brasil, 52% ainda não dão atenção ao tema; preocupação aumenta com uso de dispositivo de funcionários.
O diretor de marketing da ebusiness Brasil, Henrique Gasperoni, teve seu smartphone furtado em um restaurante na Disney, nos Estados Unidos. Se não fosse a precaução de ter um aplicativo que apaga todas as informações do dispositivo, seu conteúdo pessoal e, principalmente, de trabalho poderia ter caído nas mãos de alguém mal intencionado, espalhando dados de clientes e negócios.
O cuidado tomado pelo executivo - que está atento ao tema por fazer parte de sua área de atuação -, no entanto, às vezes passa despercebido pelas empresas.
Uma pesquisa divulgada pela Edelman, em parceria com o Ponenon Instituto, que ouviu 6.400 executivos responsáveis por gerenciamento de dados em 29 países, sendo 126 no Brasil, revela que as empresas de todo o mundo não estão preparadas para garantir a segurança e a privacidade dos dados coletados, seja de clientes ou de colaboradores.
No Brasil, para mais da metade dos representantes, ou 51%, a organização em que trabalham não considera a privacidade e a segurança de dados pessoais como prioridade.
Outros 43% dos executivos ouvidos no Brasil responderam que a organização em que trabalham não tem experiência, treinamento ou tecnologia para proteger informações pessoais e 40% dizem que sua empresa não conta com recursos adequados para isso.
Os dados revelam, ainda, que apenas 26% dos entrevistados brasileiros acreditam que a empresa em que atuam é transparente sobre o que faz com as informações dos clientes, funcionários e investidores.
Leigh Nakanishi, supervisor sênior da Edelman nos Estados Unidos, revela que a preocupação com a segurança de dados é algo emergente nas empresas e que ainda não possui a atenção que deveria ter, o que normalmente acontece quando o perigo se torna algo mais tangível.
"Nos países em que há menos eventos de vazamento de dados e que estão em desenvolvimento, sem sofisticação regulatória para o tema, como China, Índia e até mesmo o Brasil, a preocupação com o tema é menor", afirma Nakanishi, acrescentando que em países da Europa, onde as regras vigentes sobre vazamento de informações é mais avançada, as companhias prestam mais atenção à questão.
Com o crescente interesse de consumidores, mídia e órgãos regulatórios sobre privacidade de dados, as empresas não podem se dar ao luxo de arriscar a reputação com o vazamento de informações importantes. "Quem conseguir lidar melhor com o tema vai ter um diferencial no mercado", diz o executivo da Edelman.
Dispositivo próprio
A falta de preocupação das empresas com dados coletados se agrava diante da tendência de um maior uso de dispositivos pessoais dos executivos no ambiente de trabalho, prática chamada de BYOD (bring your own device, ou ?traga seu próprio equipamento', na tradução livre para o português) e que tem sido cada vez mais adotada pelas companhias, de acordo com a Associação Brasileira de ebusiness (ebusiness Brasil).
Em pesquisa realizada com 200 executivos da área de tecnologia da informação, no mês de dezembro, a associação mostrou que 39% dos entrevistados já utilizam os equipamentos eletrônicos pessoais ou estão investindo na ação na empresa em que atuam, enquanto outros 28% estudam a possibilidade de implementação.
Neste último grupo, 48% das companhias informaram que vão investir na tendência em um prazo máximo de dois anos.
Entre as vantagens de usar o dispositivo, os profissionais apontaram a mobilidade (76% das respostas), a liberdade da decisão de escolher qual dispositivo se dá melhor (44%) e redução de custos com dispositivos pela empresa (42%), o que leva a aumento de produtividade dos funcionários, segundo 38% dos executivos de tecnologia.
Entre os riscos, está exatamente a segurança de dados, para 69% dos entrevistados.
Para se ter uma ideia, 47% disseram que a área de tecnologia da informação não está pronta para atender os requisitos de segurança e 42% concluíram que a segurança física dos equipamentos também impossibilita o investimento na prática.
"Todo tipo de empresa está caminhando para esta tendência de uso de dispositivo dos funcionários, tanto comércio, indústria e serviços quanto nacionais e multinacionais. A questão importante é a falta de política de segurança dos dados, porque as soluções para promover isso já existem", garante Gasperoni.
Uma forma de garantir segurança, de acordo com ele, é delimitar o acesso dos funcionários, de acordo com os cargos, aos sistemas da empresa. Na pesquisa, revelou-se que os profissionais que utilizam os dispositivos pessoais dentro das empresas são, em grande parte, presidentes e diretores, com 71% das respostas.
"A empresa tem de tomar cuidado sobre até que ponto vai abrir portas para que determinado funcionário possa carregar a informação para qualquer lugar", orienta o diretor da ebusiness.
De acordo com ele, é importante que as empresas unam as áreas de Recursos Humanos, Jurídica e de Tecnologia da Informação para traçar parâmetros, dentro da legislação, para uso dos dispositivos pessoais no trabalho, garantindo privacidade das informações e um maior comprometimento para que os dados não vazem.
Fonte: Brasil Econômico