Dólar fecha na menor cotação da semana
O dólar comercial fechou em queda, depois de marcar o maior recuo intradiária em quase um mês, puxado pelo grande fluxo de entrada de recursos no país promovido por um grande banco, que aproveitou o bom humor externo para realizar essa operação. À medida que a moeda caía, a baixa foi intensificada por ordens de ?stop loss? de investidores comprados na moeda americana.
O dólar caiu 0,35%, a R$ 2,017, após marcar R$ 2,011 na mínima do dia, quando a baixa chegava a 0,64%, a maior desde o recuo de 0,84% de 8 de março. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o contrato de dólar futuro para maio caía 0,39%, indicando R$ 2,0245, antes do ajuste final. De acordo com a clearing de câmbio da BM&F, que registra cerca de 90% das transações do interbancário, o volume negociado foi de US$ 2,354 bilhões.
Segundo o gestor de uma asset, a queda do dólar ocorreu de forma simultânea ao fortalecimento do euro, que depois de chegar a cair 0,79%, virou e sustentava alta de 0,66%, a US$ 1,293, às 17h47. O gestor lembra também que o dólar estava operando em níveis que poderiam chamar o Banco Central a qualquer momento ao mercado, uma vez que estava muito próximo do patamar de R$ 2,03, considerado pela maioria do mercado como o ?teto? da banda cambial informal da autarquia.
?O mercado queria vender, mas não tinha estímulo. A alta do euro deu a dose de coragem de que o mercado estava precisando?, disse. ?Como o viés era claramente de queda, quem estava comprado precisou desfazer posição, o que deixou o mercado ainda mais ?pesado?.?
Divisas de perfil semelhante ao real também passaram a subir com mais força ou a cair menos, a partir da virada do euro. O peso mexicano avançava 0,30%, para 12,3164 por dólar, enquanto o rand sul-africano avançava 0,89%, a 9,1396 por dólar. O dólar australiano reduzia as perdas a 0,25%, para US$ 1,0433, enquanto a moeda da Nova Zelândia subia 0,08%, para US$ 0,8422.
A agressiva flexibilização monetária anunciada pelo Banco do Japão (BoJ) nesta quinta-feira ? que provavelmente tornará o ?quantitative easing? japonês maior que o do Federal Reserve e o do Banco da Inglaterra (BoE), em proporção do Produto Interno Bruto (PIB) ? pode estimular alguma entrada de capital ao Brasil nos próximos meses, mas os volumes não serão suficientes para mexer significativamente com o rumo da taxa de câmbio.
Segundo o chefe de pesquisa para mercados emergentes das Américas do Nomura Securities, Tony Volpon, as chances de uma entrada de capital do investidor de varejo japonês só serão maiores se o Banco Central decidir aumentar a Selic da mínima histórica atual de 7,25% ao ano. Esse grupo de investidores é conhecido no mercado pelo apelido de ?dona Watanabe? por, em sua maioria, ser composto por pessoas aposentadas e com mais de 50 anos.
?E, mesmo com um aperto monetário, sem a retirada dos IOFs e uma perspectiva de crescimento mais forte da economia, o fluxo que pode vir não deve ser capaz de promover uma valorização expressiva do real?, disse Volpon. Segundo ele, desde 2011 ?dona Watanabe? tem preferido outros mercados, especialmente México, Austrália e Turquia em lugar do Brasil, seu destino preferido na década passada. ?Desde setembro de 2011, o fluxo para cá por esse canal, que foi muito forte em 2009 e 2010, vem diminuindo, embora tenha se recuperado um pouco nos últimos meses, e não vai voltar aos níveis recordes desses anos.?
Fonte: Valor Econômico