Reinventar é essencial para sobreviver
O empresário Emerson Salomão começou com uma loja de equipamentos para informática, em 1997, em Joinville (SC). Hoje tem uma fabricante de notebooks de alto desempenho, com uma filial nos Estados Unidos. Registrou R$ 29 milhões de faturamento em 2013 e tem previsão para crescer 40% neste ano. Na trajetória de 17 anos de atividade, Salomão adaptou-se ao mercado e às demandas da clientela. Passou de revenda para assistência técnica até criar a marca própria de hardware, sempre se antecipando às tendências do segmento em que atua. Mesmo agora, com a ascensão de dispositivos portáteis como smartphones e tablets, a aposta em notes está alinhada a um nicho com desempenho acima da média.
Os computadores da Avell, marca dos equipamentos produzidos por Salomão, são dirigidos a gamers e designers, que precisam de máquinas com maior potência e velocidade de processamento. De acordo com pesquisas do setor, o mercado brasileiro de games foi o que mais cresceu em 2012. O país é o quarto maior consumidor de jogos do mundo e o faturamento do segmento no ano passado foi de R$ 1,6 bilhão.
Os brasileiros estão no primeiro lugar no ranking de consumo de jogos eletrônicos, segundo pesquisa realizada pela Newzoo e a ACI Games. Dados da ACI mostram ainda que o número de jogadores cresceu 15%, estimando-se um total de 40 milhões atualmente.
Visão de futuro
As mudanças estratégicas que Salomão aplicou na empresa foram essenciais para mantê-la no mercado. “O negócio nunca está acabado, precisa funcionar em permanente evolução. A estabilidade pode gerar uma miopia mercadológica, em que o gestor não enxerga novas oportunidades, o que leva à empresa à morte”, diz o professor de empreendedorismo e estratégia Thiago Almeida, do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), do Rio de Janeiro.
Uma característica muito comum no histórico dos empreendedores é a resistência em adaptar-se às novas demandas do mercado. Muitas vezes, a obsessão pelo negócio próprio vem antes da análise de oportunidades. “O ideal é empreender pela chance de atender a determinada demanda. Identificar o nicho e focar nesse atendimento, independente do produto ou serviço oferecido, que vai sendo moldado a partir das necessidades que surgem”, explica Almeida.
Para o professor, o empreendedor precisa manter o espírito de inovação mesmo depois de estabelecer a empresa. Os modelos de negócios precisam ser revistos permanentemente, sob o risco de manter uma estrutura estática e ser apenas uma onda passageira de consumo, como as lan-houses. “Quem não se adaptou à popularização do acesso à internet, fechou as portas”, diz.
Crescimento
Empresa vai comemorar dez anos abrindo filial nos Estados Unidos
Os dez anos da marca Avell serão marcados pela abertura da primeira unidade internacional. A filial nos Estados Unidos será feita por meio de uma joint venture com a Best Solution.
A matriz está em Joinville, mas a Avell tem lojas em Curitiba e Florianópolis e vai abrir mais dois pontos de venda, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro. Depois dos EUA, a empresa pretende expandir para a América Central e América Latina. Grande parte das vendas é feita pela internet, onde o consumidor personaliza o pedido da máquina, que custa de R$ 2,5 mil a R$ 25 mil.
Salomão tem 50 funcionários e capacidade para montar mil notebooks por mês. Os componentes são importados, com atenção especial às placas de vídeo dedicadas, o componente mais importante para quem usa o equipamento para jogar. Em 2013, a empresa investiu R$ 300 mil em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. Para este ano estão previstos dez novos lançamentos.
Bom exemplo
O professor de empreendedorismo e estratégia Thiago Almeida reforça que criatividade e pesquisa para acompanhar tendências são fundamentais para definir novas estratégias. “É como se a versão beta de determinado negócio, em que o produto inacabado é testado e ajustado de acordo com as observações do potencial futuro cliente, fosse um estado permanente. Nada é estático.”
Gazeta do Povo