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27/11/2014

Pequenas podem ter problema para exportar no próximo ano

Com expectativa de juros altos e de baixa atividade econômica em 2015, as pequenas e médias exportadoras brasileiras podem ter que reduzir custos em 2015 para continuar atuando no mercado.

No entanto, a desvalorização do real frente ao dólar deve contribuir aos pequenos negócios voltados ao comércio exterior.

"O dólar está em alta e isso traz mais recursos ao exportador brasileiro. No entanto, o custo do dinheiro está mais elevado, tendo em vista o aumento da nossa taxa de juros [Selic]. Isso é um problema, pois são justamente as pequenas e médias empresas que mais precisam de financiamento, seja para produzir, seja para financiar o importador [em outro país]", disse o consultor internacional da comercial exportadora e importadora RGX, Luiz Carlos Barboza, no Seminário Internacional "O segredo do sucesso das pequenas e médias líderes em exportação", em São Paulo.

O especialista diz que, a despeito das dificuldades em decorrência de uma atividade econômica mais lenta, a recomendação é que os pequenos negócios não abram mão dos mercados internacionais no próximo ano, mesmo que tenham que fazer alguns sacrifícios dentro de suas empresas.

"É preciso manter os mercados, porque reconquistá-los depois é muito mais difícil. Outros competidores podem ocupar esse espaço. O comércio exterior é muito dinâmico", afirma o consultor da RGX.

"Para se manter no mercado internacional, portanto, as pequenas exportadoras terão que fazer algum sacrifício em sua margem de lucro no ano que vem, durante algum tempo. Esses empresários terão que pensar um pouco no médio prazo, pois acredito que nossa economia deve voltar a crescer", complementa Barboza, que ressalta também, como aspecto positivo, a recuperação da economia dos Estados Unidos.

Financiamento

Já para os pequenos e médios empreendedores que desejam começar a exportar, Barboza recomenda que esses busquem informação e capacitação em entidades como a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), além de federações de indústria e comercio. "Quem for começar a exportar tem que montar um bom plano de negócios", afirma o consultor.

Barboza informa que uma das recomendações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é que as pequenas e médias empresas se esforcem para que 20% do seu faturamento total venha de exportações. "Atendendo ao mercado internacional, que é mais exigente, essas empresas ganham força e mais competitividade no mercado doméstico. Exportação pode ser uma estratégia de sobrevivência", diz ele.

No entanto, pondera sobre a dificuldade das pequenas brasileiras em conseguirem crédito para financiamento.

O gerente de exportação da Nicoluzzi Indústria de Rações, Alfredo Pinto, diz que essa é, justamente, uma das barreiras principais que as pequenas encontram para exportar. Classificada como média empresa, a Nicoluzzi, hoje com 100 funcionários, exporta há sete anos.

"Existe muita dificuldade no acesso ao crédito para financiamento. Além de serem caras, a quantidade de linhas ainda é insuficiente, por exemplo. Tanto em relação àquelas voltadas à inovação e ao investimento dentro das empresas, como a disponibilidade de seguro de crédito para poder financiar meu importador lá fora", afirma o gerente da Nicoluzzi.

Custos

Alfredo Pinto diz que, apesar da desoneração de alguns impostos às empresas exportadoras como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), os custos trabalhistas e de logística são os que mais pesam aos pequenos empresários com foco em mercados internacionais.

Para Barboza, o problema do crédito para financiamento de pequenas no Brasil não é a oferta de linhas, mas sim o acesso a essas. "Existe muita burocracia para as pequenas e médias empresas conseguirem crédito", diz o consultor da RGX.

"Do lado dos bancos públicos e privados e do governo, poderia haver um esforço maior no sentido de simplificar o acesso. Já do lado das empresas, uma adequação maior às exigências dos bancos para conseguirem obter recursos", completa ele.

Na opinião do economista e presidente Associação de Comércio Exterior do Brasil (Abracex), Roberto Segatto, falta financiamento para a importação de máquinas de alta tecnologia, que contribuiriam para a competitividade das pequenas e médias indústrias. "Os equipamentos que estão sendo produzidos no Brasil ainda têm baixa qualidade. [... ] Além disso, a indústria nacional está atuando com máquinas com idade média de 21 anos", afirma o economista.

Acordos comerciais

O gerente da Nicoluzzi conta que a empresa sente em seu dia a dia a falta de comerciais por parte do governo brasileiro.

"O nosso País ainda é muito pobre em termos de acordos internacionais e isso prejudica as empresas exportadoras. Nós, na Nicoluzzi, estamos com problemas para exportar para a Colômbia, que já é um mercado estabelecido nosso. O país começou a aumentar o seu imposto de importação nos últimos meses. Estava em 15% e agora está em 39%", afirma Alfredo Pinto. "O exportador norte-americano, por exemplo, tem 0% de imposto de importação na Colômbia, pois os dois países têm um acordo bilateral. Isso dificulta a competitividade dos produtos brasileiros", completa o gerente da Nicoluzzi.

Durante o seminário internacional, o consultor da RGX também listou algumas práticas das pequenas e médias líderes em exportação. A pesquisa foi realizada com empresas da América Latina que tiveram um bom desempenho em suas exportações, nos últimos três anos.

Um dos destaques é que essas empresas criaram um departamento profissionalizado voltado para as atividades de comércio exterior. Além disso, investiram mais em inovação de produtos e processos.

DCI