icon
(47) 3326-3677

Blumenau / SC

icon
Atendimento

Segunda à Sexta
8h às 12h - 13h às 17h30

icon
Área Restrita

Exclusiva para Clientes

06/03/2015

Banco Central eleva juro básico a 12,75% ao ano

O Banco Central confirmou as apostas e elevou ontem a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, para 12,75% ao ano. Foi a quarta alta seguida da taxa. Com a elevação, a Selic passa a ter seu maior valor desde janeiro de 2009.

A inflação resistente, que deve ganhar força após a recente paralisação de caminhoneiros e depois de reajustes em energia, transporte e combustíveis aprovados no início deste ano, é citada por analistas como o principal balizador para a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária). O IPCA (índice oficial de inflação) acumula avanço de 7,14% até janeiro, acima do teto da meta do governo, que é de 6,5%.

O último boletim Focus, do Banco Central, mostrou que a perspectiva de alta do IPCA neste ano subiu novamente, para 7,47% em 2015, acima da faixa superior da meta do governo, de 4,5% com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos. Para 2016, a projeção é de 5,50%.

Após a reunião desta quarta-feira, Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, acredita em aumento de 0,25 ponto percentual em abril. "O BC deve deixar a porta aberta para nova alta por causa da questão fiscal. Joaquim Levy (ministro da Fazenda) tem anunciado medidas importantes na tentativa de colocar as contas públicas em uma trajetória sustentável para evitar perda de grau de investimento do Brasil (selo de bom mercado para se investir)", diz.

A corretora Concórdia também não descarta mais um aumento de juros em abril, embora acredite que BC possa manter a taxa inalterada até dezembro após o aumento desta quarta. "Em seu comunicado, o BC deve chamar a atenção para o fato que de a política fiscal será um fator importante de controle da inflação no futuro, já sinalizando, dessa forma, o encerramento do atual ciclo de altas de juros."

A atividade econômica enfraquecida é o que limita novas altas da Selic neste ano. No terceiro trimestre do ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 0,1%, abaixo das expectativas.

Neste ano, o País deve ter retração de 0,58% do PIB, ainda de acordo com o Focus. A indústria continua sendo um peso sobre a atividade em geral, com contração de 0,72% no ano, segundo o boletim. A expectativa é de que a economia melhore em 2016, com crescimento de 1,50%, de acordo com o Focus.

Para a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), não haverá recuperação da indústria em 2015. "Para a indústria, que já teve um ano muito ruim em 2014, a possibilidade de uma retomada ainda em 2015 se torna praticamente nula com os juros mais elevados. Entendemos que a busca do equilíbrio da economia, bem como o ajuste fiscal, é importante para aumentar a confiança dos empresários e consumidores. No entanto, esse processo requer um efetivo controle dos gastos, e não um aumento de impostos, que gera um ônus adicional para o setor fabril", afirmou o presidente da Fiergs, Heitor José Müller.

O dirigente da Fiergs destacou ainda que "a nova elevação da taxa Selic representa mais uma importante pressão sobre os custos do segmento produtivo". Lembrou também que a produção industrial brasileira encerrou 2014 com uma queda acumulada de 3,2%.

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, classificou a decisão como desastrosa. "Os insensíveis tecnocratas do Banco Central perderam, novamente, uma ótima oportunidade de afrouxar um pouco a corda que está estrangulando o setor produtivo, que é quem gera emprego e renda. Infelizmente, mais uma vez, o governo se curva diante dos especuladores. A decisão frustra a sociedade, que ansiava por uma queda na taxa básica de juros", declarou.

Para Torres, o País precisa de um ciclo de descida mais rápido da taxa básica de juros. "Entendemos que é urgente a adoção de uma postura mais agressiva, com redução de juros compatível com as exigências do momento. Vale ressaltar que os dados relativos ao desempenho da economia indicam a necessidade de medidas mais profundas para evitar que a economia brasileira entre em recessão", disse.

JCRS