Brasil trilha o caminho da economia digital
Shenzhen, China - Brasil, China e Indonésia, entre outros emergentes, vão experimentar um processo rápido de transformação digital nos próximos dez anos por conta dos investimentos em tecnologias de informação e comunicação (TIC), do consumo de dados por parte da população e do tamanho da força de trabalho nesta área. Essa é uma das conclusões que aparecem no estudo “Global Conectivity Index 2015”, divulgado na última terça-feira pela fabricante chinesa de equipamentos de rede e telefonia Huawei. No cômputo geral, Estados Unidos, Suécia e Cingapura lideram o ranking de 50 países nesta segunda edição do Índice de Conectividade Global, enquanto — entre os países em desenvolvimento — os mais bem colocados foram Chile (20ª colocação), China (23ª) e Emirados Árabes (22ª). O indicador mede o impacto das tecnologias digitais na economia de cada país e o valor gerado por elas na indústria de transformação.
O Brasil, que no ano passado figurava na 11ª posição entre 25 países, caiu para 26ª colocação, mas dentro de um universo mais amplo de nações pesquisadas — os 50 países representam 90% da economia global. Apesar da diferença, o país aparece bem colocado quando se trata de medir a relação entre os gastos (públicos e privados) em TIC como proporção do PIB (produto interno bruto). Nesse indicador específico, os Estados Unidos também encabeçam a lista, seguidos pela China, que apesar de já ser a maior economia do planeta pelo critério da paridade do poder de compra ainda investe em tecnologias de informação e comunicação menos da metade dos americanos. O Brasil aparece atrás de China e Índia mas à frente de emergentes como Rússia e Indonésia e até de mercados maduros como Itália, Coreia do Sul e Espanha.
Um dos motivos que explica a proporção relativamente elevada de gastos com tecnologia em relação ao PIB no Brasil é o fato de economias mais maduras, como a sul-coreana, já terem feito investimentos pesados nesta área ao longo dos anos. Outro fator favorável ao Brasil, segundo informou a Huawei, foi a realização da Copa de 2014, que forçou o país a realizar investimentos em internet e telecomunicações. A pesquisa se propôs, inclusive, a mensurar a relação entre os aportes em TIC e a expansão do PIB: para cada 20% de aumento nos investimentos em tecnologia, o produto interno bruto do país cresce 1%.
Com base nessa correlação, Brasil, China e Indonésia tendem a sofrer mais os efeitos transformadores da revolução digital, quando comparados a economias mais maduras, esclarece o estudo. Mas, para que a projeção se concretize, é necessário que esses países continuem a desenvolver uma série de fatores avaliados pelo Índice de Conectividade Global (GCI, na sigla em inglês).
Entre as variáveis analisadas pelos especialistas da Huawei para compor o Índice de Conectividade Global estão a oferta e a demanda por produtos e serviços de TIC em cada país, a experiência do usuário final e de organizações na conexão à web e o potencial para desenvolvimento da economia digital. Segunda colocada entre os emergentes, a China ainda apresenta uma largura de banda (quantidade de dados que uma rede pode transmitir por um dado momento) inferior à média mundial, reconheceu William Xu, diretor executivo do Conselho de Administração da Huawei e diretor de Marketing. “Mas a cobertura móvel no país é muito boa”, afirmou o executivo, em evento voltado para analistas e aberto à mídia, acrescentando que a China é forte em termos de comércio eletrônico. Globalmente, 20% do valor das vendas de produtos e serviços passam pela internet ou por plataformas de comércio eletrônico. Outra demonstração da força do setor de TIC está na geração de postos de trabalho: 50 milhões de empregos já foram criados no mundo nesta área.
Brasil Econômico