85% dos pedidos de falência são de pequenos negócios
A crise pegou o varejo. Basta olhar em pontos comerciais tradicionais – como a rua Oscar Freire, o bairro do Bom Retiro e a região da Rua 25 de março – para ver faixas de “passa-se o ponto”.
Os números confirmam esse cenário negativo. Os pedidos de falência acumularam alta de 9,2% no 1º semestre de 2015, em relação ao mesmo período de 2014, de acordo com dados da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).
Na comparação mensal, o número de pedidos de falências aumentou 31,3% em relação a junho do ano anterior.
As falências decretadas também subiram e registraram aumento de 31,9% em relação ao ano anterior. Na comparação com junho de 2014, o número cresceu 94,8%.
Entre as principais razões que explicam esse crescimento significativo está a fraca atividade econômica, que reduz a capacidade de geração de caixa das empresas.
Estão contribuindo também o aumento nas taxas de juros e a restrição ao crédito que encarecem o capital de giro, piorando os indicadores das empresas.
OS MAIS AFETADOS
A crise financeira é mais sentida pelos negócios de menor porte. As pequenas empresas representam cerca de 85% dos pedidos de falências e 91% das falências decretadas.
“Historicamente, as pequenas empresas são as mais afetadas durante um período de retração do consumo e de crédito mais caro. Elas têm mais dificuldade de acesso ao crédito porque não tem o mesmo poder de negociação das grandes”, afirma Flávio Calife, economista da Boa Vista SCPC.
Na divisão por setor da economia, as empresas de prestação de serviços foram as que representaram o maior número de casos nos pedidos de falência, seguido pelo setor industrial e pelo comércio.
“Na comparação com o ano anterior, no entanto, o maior crescimento foi registrado pelo comércio que saltou de 23% para 26%”, diz Calife. “A indústria teve redução de 36% em 2014 para 34% e os serviços foram de 41% para 40%.”
Sem sinal de melhora no cenário macroeconômico no curto prazo, a Boa Vista SCPC espera que os indicadores de falências encerrem o ano com números superiores aos de 2014.
“Não vemos possibilidade de mudanças dentro dos próximos meses. É possível que esse ano os pedidos de falência cheguem a 13%”, afirma Calife.
Fonte: Diário do Comércio