Varejo e serviços sustentam crescimento do PIB do Brasil
Os setores de varejo e serviços sustentaram a economia brasileira em agosto e ajudaram a atividade a crescer acima do esperado no período, porém a retomada segue em ritmo lento em meio à instabilidade provocada pelas incertezas com as eleições presidenciais. Em agosto, a economia brasileira teve crescimento de 0,47% em relação a julho, informou o Banco Central nesta quarta-feira (17). O cálculo do banco é feito por meio do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), e os dados são dessazonalizados, descontando-se, assim, os efeitos típicos dos meses para possibilitar a comparação. O resultado ficou acima da expectativa.
O índice de atividade calculado pelo BC passou de 139,03 pontos para 139,68 pontos na série dessazonalizada de julho para agosto. Esse é o maior patamar para o IBC-Br com ajuste desde junho de 2015 (139,95 pontos). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o avanço foi de 2,5%.
Esse resultado e outros indicadores de atividade divulgados anteriormente sugerem um crescimento do PIB do terceiro trimestre superior ao esperado. “Assim, revisamos nossa estimativa para o PIB do período, de 0,3% na margem para 0,5%”, disse o Bradesco em nota.
Entretanto, o IBC-Br de agosto também destaca a morosidade da economia, uma vez que o índice desacelerou após avanços de 3,45% – resultado provocado pela retomada após forte queda no mês anterior devido à greve dos caminhoneiros – e de 0,65% em julho.
“Nesse estágio do ciclo, a dinâmica ainda é fraca e a economia opera com alto grau de ociosidade em termos de utilização dos recursos”, apontou em relatório o diretor de pesquisa econômica do Goldaman Sach, Alberto Ramos.
Ainda a Greve
O comportamento positivo da economia em agosto indicada pelo índice do Banco Central acompanha os números do IBGE para os setores de comércio e serviços. Enquanto as vendas do comércio tiveram alta de 1,3% em agosto, os serviços cresceram 1,2%. Apesar de as altas superarem as expectativas de economistas, os números ainda não representam uma retomada.
“O resultado de agosto não pode ser considerado o início de uma arrancada, até porque o movimento parece pontual, e os indicadores antecedentes já apontam para queda em setembro”, explicou o gerente da pesquisa do IBGE, Rodrigo Lobo, sobre os serviços. “O que houve em agosto foi uma recuperação de perdas para o comércio depois de desempenhos afetados pela greve dos caminheiros”, explicou a gerente da pesquisa do IBGE, Isabella Nunes, em relação à alta do comércio.
Previsões
Estimativas de crescimento do PIB brasileiro em 2018:
Banco Central: 1,4%
Boletim Focus (cem economistas do mercado financeiro): 1,34%
Confederação Nacional da Indústria (CNI): 1,3%
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal): 1,4%
Ministérios da Fazenda e do Planejamento: 1,6%
Inflação
9,44% no ano. O IGP-10 avançou 1,43% em outubro, após 1,2% em setembro. O índice medido pela Fundação Getulio Vargas capta preços do dia 10 de um mês ao dia 10 do outro.
Fonte: Jornal O Tempo