Brasil é um "dos piores para negócios", diz Bird
O Brasil manteve estagnada nos últimos 12 meses sua posição como "um dos piores lugares do mundo" para se fazer negócios, segundo estudo divulgado e comentário feito ontem pelo Banco Mundial (Bird), em Washington.
De acordo com o relatório "Fazendo negócios: removendo os obstáculos para crescer-2005", o Brasil manteve neste ano todos os indicadores do estudo de 2004.
A única e insignificante melhora foi uma redução, de 155 dias para 152, no número de dias, em média, que são necessários para abrir uma empresa no Brasil.
"Custos administrativos entre os maiores do mundo, seja na área trabalhista ou em tarifas para iniciar um negócio, e lentidão da Justiça para fazer valer um contrato, fazem do Brasil um dos países menos amigáveis do mundo para negócios", disse à Folha Simeon Djankov, principal autor do levantamento.
"Há muitos avanços na área macroeconômica no Brasil, mas, na área de desregulamentação de negócios, os progressos são muito menores", disse Djankov.
O estudo, que envolveu 145 países, está em sua segunda edição e leva uma série de fatores objetivos (tarifas cobradas e formulários burocráticos exigidos) e subjetivos (avaliações de consultores) para mostrar onde é mais fácil investir e fazer negócios.
No geral, aborda a situação de pequenas e médias empresas, com até 50 funcionários.
São Paulo
No caso brasileiro, foram estudadas nove cidades, mas a preponderância ficou com São Paulo, onde, segundo o Banco Mundial, é demandado o dobro do tempo das outras municipalidades para se abrir uma empresa.
De um modo geral, o relatório mostra que os países desenvolvidos foram os que mais aceleraram a desregulamentação para se fazer negócios no último ano.
O fato tende a ampliar ainda mais o fosso entre países pobres e ricos como destino de investimentos internacionais.
Na América Latina, Argentina, Bolívia e Colômbia foram apontados como os países que obtiveram os maiores progressos no último ano.
No item "procedimentos" para se abrir uma empresa, por exemplo, constam 17 no Brasil -contra 11 na média da região latino-americana e 6 nos países desenvolvidos.
O levantamento não faz um ranking dos países, mas, segundo Djankov, o Brasil está "no grupo dos 25% piores" colocados.
Outra das principais conclusões do trabalho é a extrema dificuldade que as empresas brasileiras têm para obter empréstimos. "Os procedimentos são dolorosos", diz o relatório.
Fonte: Folha de São Paulo