Agora são os catarinenses que vão às compras na Argentina
Moradores de Dionísio Cerqueira e municípios vizinhos têm preferido atravessar a fronteira para fazer as compras do mês na Argentina. Em um ano, o peso desvalorizou quase 30% frente ao real e está valendo R$ 0,68.
Um saco com 25 quilos de farinha custa R$ 18 em Bernardo de Yrigoyen (Argentina) - R$ 5 a R$ 7 a menos que em Dionísio. O litro de cerveja sai por R$ 1,50 na Argentina e em Dionísio, perto de R$ 2. O litro da gasolina custa quase a metade do cobrado no lado catarinense. A diferença faz motoristas brasileiros formarem longas filas na fronteira para encher o tanque.
Com o câmbio em desvantagem, o comércio de Dionísio, cidade de 15,2 mil habitantes, registra queda nas vendas e já está demitindo. Na semana passada, só um supermercado somava 40 demissões.
- Os argentinos vinham comprar aqui. Eram a maioria dos nossos clientes. Agora, além de eles não virem mais, os brasileiros estão indo para lá - disse uma das atendentes.
Um dos supermercados concorrentes, disse a atendente, está abrindo uma filial do lado argentino na tentativa de driblar a crise.
Os produtos derivados do leite e da carne produzidos em Dionísio ou apenas vendidos em seus supermercados não podem entrar na Argentina por causa da febre aftosa. Trata-se de outro obstáculo.
- Muita gente (argentinos) vinha aqui comprar queijo. Agora não vem mais. Se o fiscal da fronteira ver, fica com a mercadoria - contou o dono de uma venda de Dionísio.
Prefeitura prevê arrecadação menor
A prefeitura está distribuindo os carnês para renovação dos alvarás e do Imposto sobre Serviço (ISS).
- Sabemos que eles (comerciantes) vão dizer que estão vendendo pouco e por causa disso não vão poder pagar - prevê a prefeita de Dionísio, Salete Gnoatto.
O mercado informal também sente o problema. Tiago Soares, 17 anos, tem vendido menos sorvetes porque o vaivém de argentinos pelo comércio de Dionísio acabou.
- Antes eu vendia bem, tinha bastante movimento. Agora está difícil. A gente tem que esperar o dinheiro deles voltar a ser como era antes
Fonte: Diário Catarinense