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20/04/2006

Com plenário vazio, câmara livra Mentor da cassação

O plenário da Câmara dos Deputados rejeitou o pedido de cassação do mandato do deputado José Mentor (PT-SP), citado no relatório das CPIs dos Correios e do Mensalão como beneficiário de recursos das empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza. Com essa decisão, já chega a nove o número de envolvidos no "mensalão" que conseguiram escapar do pedido de cassação no plenário da Câmara.

O relatório do deputado Nelson Trad (PMDB-MS), que pedia a cassação do mandato de Mentor por quebra de decoro parlamentar, foi rejeitado com 175 votos contrários, 241 favoráveis, 6 em branco, 2 nulos e 8 abstenções. São necessários 257 votos para cassar um mandato.

A absolvição de Mentor já era esperada dentro da Câmara. Antes da votação começar, a deputada Luciana Genro (PSOL-RS) chegou a comentar que estava certa da absolvição de Mentor.

"O plenário desistiu de cassar os mensaleiros. Isso virou piada de salão", afirmou o deputado Alberto Fraga (PFL-DF).

Mentor, que foi aplaudido pelo plenário após seu discurso de defesa, disse que não havia renunciado ao mandato porque era "humilde" e decidiu se "submeter" ao processo. Ele afirmou ainda que não tinha dinheiro nem para pagar o advogado Mariz de Oliveira, que estaria prestando serviços de graça em nome da amizade que os dois mantêm há 40 anos.

O caso
Mentor é acusado de receber, por intermédio de seu escritório de advocacia, R$ 120 mil da 2S Participações, empresa pertencente a Marcos Valério Fernandes de Souza, suposto operador do esquema de mensalão.

Em sua defesa, Mentor diz que o dinheiro foi recebido como pagamento por três pareceres jurídicos elaborados pelo seu escritório a pedido do advogado Rogério Tolentino, sócio do empresário Marcos Valério na empresa 2S Participações.

Segundo o deputado, a prova de que a movimentação financeira foi feita de maneira legal é o fato dele ter notas fiscais e comprovantes de pagamentos de impostos sobre a movimentação.

Fonte: FolhaOnline