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03/07/2006

Brasil é 6º em consumo e 2º em custo de vida na América do Sul

O Brasil é o sexto colocado em consumo familiar num grupo de dez países da América do Sul e o segundo mais caro para se viver na região. Argentinos, chilenos, uruguaios, venezuelanos e peruanos gastam mais, per capita, do que brasileiros. Os resultados são de pesquisa divulgada ontem pelo Banco Mundial. A fraca distribuição de renda e os preços, que estacionaram em nível alto, apesar da estabilização da economia desde os anos de 90, inibem o gasto familiar, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1996, o País era o quarto no consumo.

"Uma combinação de três variáveis explica a posição do Brasil no ranking. É um país populoso, o maior da região, com o nível de preços elevados e com o padrão de distribuição de renda que não permite que uma parte dessa população tenha acesso ao mercado (de consumo)", diz o presidente do IBGE, Eduardo Nunes Pereira. Fatores conjunturais também influenciam o desempenho. Um deles é o juro alto, que contiveram aumentos de preços, mas enfraqueceram o consumo.

Segundo Nunes Pereira, a contribuição da política monetária "para impedir que o nível de preço continuasse subindo" foi positiva, mas "para alcançar o seu objetivo também procura conter a demanda". Os dados da pesquisa foram coletados em 2005. Apenas no fim desse ano os juros começaram a cair. Para fazer comparações entre os países, foi usada a metodologia chamada paridade de poder de compra, que evita a conversão de valores para o dólar e as distorções da flutuação do câmbio nos resultados.

Os resultados mostram que o consumo familiar per capita brasileiro está 9,5% abaixo da média da região. Já o argentino supera a média em 61,3%, o chileno em 48%, o uruguaio em 43,5% e o venezuelano em 8,7%. O gasto peruano é 1,2% maior que o brasileiro, mas 8,4% abaixo da média da região. Em 1996, o Brasil era o sexto no ranking de gastos familiares, mas os organizadores da pesquisa alertam: para comparações com o passado, é preciso haver pesquisas mais freqüentes.

Na região, apenas o Chile supera o Brasil nos preços mais altos. Os preços brasileiros são 14,2% maiores que a média na região. "Tivemos 30 anos de inflação muito alta no Brasil, passamos por um processo inflacionário violentíssimo. Só recentemente, há pelo menos dez anos, a inflação passou a estar sob controle. Mas isso não implicou queda de preços, que se estabilizaram num patamar elevado", diz Nunes Pereira. Segundo ele, a Argentina lidera o ranking de gastos per capita porque os preços são menores e o país tem uma distribuição de renda melhor que a do Brasil.

TUDO CARO
O cearense Adriano Barbosa, 22 anos, está há dois dos três anos desde que chegou ao Rio tentando comprar um aparelho de TV. O aparelho custa R$ 500, R$ 100 mais que o salário de R$ 400 de atendente de restaurante. Barbosa diz que "está tudo muito caro", conta que não sobra nada do salário para economizar e acredita que concretizará este ano o projeto, por crediário.

Barbosa é apenas mais um trabalhador com projetos de consumo difíceis de realizar porque os produtos são caros e a renda, baixa. "É preciso baixar os preços para as pessoas conseguirem comprar mais", dizia a atuária Maristela Cardoso, 29 anos. Ela recebe R$ 1 mil mensais e pesquisava preços de eletrodomésticos.

"Remédio é caríssimo. Uso muito remédio, é uma loucura", conta a psicanalista Magda Biassutti, cuja renda familiar gira em torno de R$ 5,8 mil. Ela diz que faz parte de "uma minoria", a classe média, mas compra pouco livro, quase não sai para jantar e controla à risca seu gasto e dos dois filhos que moram com ela.

Fonte: o Estado de S.Paulo