Dólar recua pelo 3º dia consecutivo e fecha em R$ 2,138. Bolsa sobe 1,02%
O mercado financeiro teve ontem um dia de otimismo com a divulgação de dados que indicam desaceleração da inflação e da atividade econômica americana, o que fortaleceu as previsões de uma pausa mais prolongada no ciclo de aperto monetário dos Estados Unidos.
Com isso, o dólar caiu pelo terceiro dia consecutivo, fechando os negócios na menor cotação desde 16 de maio ? R$ 2,138 para venda ? e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu mais de 1% e atingiu nível recorde de negócios: 150.361 operações. O volume financeiro dobrou em relação à média dos últimos dias, influenciado pelo vencimento de opções do índice Ibovespa.
O Departamento de Trabalho dos Estados Unidos informou ontem que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 0,4% no mês passado, como previam os analistas. O núcleo do índice ? que expurga as variações de alimentos e combustíveis ? entretanto, subiu 0,2% em julho, ante projeções de uma alta de 0,3%.
Além dos preços, a produção industrial americana mostrou fôlego reduzido: subiu 0,4% no mês passado, bem abaixo das estimativas de 0,6% de boa parte dos analistas do mercado financeiro.
A construção de casas também mostrou um declínio na atividade econômica. Em julho, houve uma queda de 2,5%, para uma taxa anual de 1,795 milhão de residências.
Em junho, o resultado havia sido de 1,841 milhão e, para o mês passado, os investidores esperavam que a projeção anual ficasse em 1,84 milhão de residências.
Expectativa é de que juros americanos fiquem estáveis Para Jason Vieira, economistachefe da UpTrend Consultoria Econômica, os dados da divulgados ontem reforçam a expectativa de que os juros americanos fiquem estáveis em 5,25% ao ano até dezembro.
No ano que vem, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) já poderia iniciar um ciclo de afrouxamento na política monetária. De acordo com o economista, isso se traduziria em uma continuidade no processo de redução da taxa básica Selic no Brasil.
Juros estáveis nos EUA levam os investidores estrangeiros a buscar aplicações de maior risco, como é o caso dos ativos de nações em desenvolvimento, como o Brasil. Ao venderem dólares para aplicar, em reais, na Bolsa e nos títulos do país, a tendência da cotação do dólar seria de queda, o que afastaria eventuais pressões inflacionárias e abriria espaço para novos cortes na taxa de juros brasileira.
Com isso, o dólar caiu durante quase todo o dia e chegou a valer R$ 2,126 na mínima. No fechamento, recuou 0,19%, para R$ 2,138, menor valor dos últimos três meses. O Banco Central (BC) comprou dólares no mercado à vista por R$ 2,1335, mas a operação não chegou a ter impacto sobre as cotações.
Gol e Natura passam a integrar carteira do Ibovespa O risco-Brasil subiu 1,94%, para 210 pontos centesimais, e o Global 40, título brasileiro mais negociado no exterior, registrou alta de 0,62%, cotado a 130,65% do valor de face.
A Bovespa teve valorização de 1,02% ontem, acompanhando a forte alta dos mercados em Wall Street. O índice Nasdaq fechou em alta de 1,63% e o S&P 500 avançou 0,77%. A nova prévia do Ibovespa ? novas listagens saem a cada quadrimestre ? mostra que a Natura e a Gol passarão a integrar a carteira de 56 ações do índice. As empresas estrearam na Bolsa em 2003 e 2004, respectivamente. A nova listagem entra em vigor em setembro e é válida até 28 de dezembro.
Fonte: O Globo