Burocracia, crédito e busca de clientes atormentam pequena empresa
Alessandro Soares
Brasília - Para cada fase da vida de uma empresa, há diferentes problemas e desafios a serem enfrentados, mesmo que certos obstáculos sejam constantes. Desta forma, a pesquisa 'Sebrae: Contribuição à Criação de Novas Micro e Pequenas Empresas', realizada pelo Sebrae e o Instituto Vox Populi e divulgada nesta quinta-feira (5), levantou as peculiaridades das principais dificuldades para empreender, avaliando três momentos da etapa de formalização das empresas.
Primeiro foram colhidos dados sobre os seis meses anteriores ao processo de formalização, ou seja, o período da concepção do negócio. Depois se investigou o tempo decorrido no processo de formalização e, por fim, os seis meses imediatamente após a formalização, com a empresa já em operacionalização.
Dificuldades antes de se formalizar
Quanto ao primeiro momento, a pesquisa indica que burocracia (16,9%) e dinheiro (16,7%) foram os grandes vilões de quem estava querendo transformar o sonho empresarial em realidade, mas ainda não havia conseguido formalizar o empreendimento. Outros 6,3% apontaram à dificuldade de 'conquistar mercado e clientes', enquanto 3,5% alegaram 'falta de informação' de como empreender.
O quadro também evidencia que cerca de 20% dos negócios pesquisados já existiam na informalidade. Destes informais, 30% afirmaram que decidiram se formalizar para 'legalizar a empresa ou cumprir a lei'. Outros 24% disseram que o motivo para registrar a empresa foi à necessidade de 'emitir nota fiscal', enquanto 12% saíram da informalidade por 'exigência dos clientes, dos fornecedores ou dos contratos'.
Problemas durante a formalização
No segundo momento, durante o processo de formalização, as queixas com relação à burocracia continuaram, só que de forma mais acentuada (20,6%). Em compensação, há queda sensível no número dos que lamentam falta de dinheiro (3%) e de informação (1%).
Mas o cenário quanto às principais dificuldades para empreender muda completamente no terceiro momento analisado pela pesquisa, isto é, nos seis meses após a formalização. O grande desafio agora é a 'conquista de mercados e clientes' (17,3%). E a 'falta de dinheiro' volta a ser uma grande preocupação (15,9%). Os problemas com 'impostos e taxas' vêm bem abaixo (4,1%). Vale frisar que a burocracia, tão criticada nos dois momentos anteriores, é bem menor depois que se abre a empresa (2,7%).
Má qualificação profissional
É curioso, no entanto, que a 'falta de mão-de-obra qualificada' é uma queixa constante nos três momentos. Para quem ainda não formalizou empresa (e provavelmente está na informalidade), o problema é indicado por 2,4% dos entrevistados.
Já no período de formalização, a mesma dificuldade é indicada por 0,7%, enquanto que para aquelas que acabaram de se formalizar, a falta de mão-de-obra é apontada por 3,1%. Isso mostra o quanto a busca por educação profissional e bom currículo não se restringe às grandes corporações.
A pesquisa mostra ainda que 31% dos entrevistados tiveram algum contato com o Sebrae. Para 9%, a Instituição de fato contribuiu para a formalização de seus empreendimentos, enquanto 8% demonstraram comportamento de fidelização, utilização com relativa freqüência os serviços do Sebrae.
Além disso, 95% dos empreendedores já conheciam o Sebrae. "A Instituição já é muito bem conhecida e oferece serviços para o empreendedor em suas várias fases. Mas como o estudo retrata o antes, o durante e o depois da formalização da empresa, é possível utilizar tais informações para aperfeiçoar ainda mais nossas orientações", afirma o gerente de Gestão Estratégica do Sebrae Nacional, Gustavo Morelli.
Metodologia
A amostra da pesquisa é formada por 9.493 empreendedores, nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, que formalizaram empresa entre 2004 e 2005. As entrevistas foram colhidas entre abril e agosto de 2006, com uma margem de erro de 1% para o conjunto do País e 8,5% para cada estado brasileiro. A pesquisa também utilizou como fonte a base de dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Cadastro Central de Empresas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Cempre/IBGE) e da Secretaria da Receita Federal.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias