Partidos querem alterar pacote de crescimento no Congresso
Partiram da própria base aliada do governo as primeiras resistências às medidas provisórias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ontem, o bloco independente formado por PSB, PDT e PC do B, que soma 74 deputados, anunciou que vai trabalhar em conjunto por mudanças na MP 349, que destina R$ 5 bilhões do patrimônio líquido do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ao fundo de investimento em infra-estrutura.
Os líderes do bloco decidiram encampar a emenda à MP apresentada sexta-feira pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). A emenda prevê que a Caixa Econômica Federal assuma possíveis prejuízos do novo fundo, evitando que os trabalhadores sejam prejudicados. ?Ou eles (o governo) mudam ou vão ter dificuldade de aprovar (a MP)?, disse o líder do PSB, Márcio França (SP).
O líder interino do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), disse que o governo está disposto a discutir uma forma de assumir possíveis prejuízos do fundo de infra-estrutura. ?Se este é o pomo da discórdia, o governo está disposto a garantir. Mas vamos lembrar que os investimentos na Petrobrás renderam 600%. Ninguém fará uma aventura?, disse Albuquerque. Em 2000, os trabalhadores puderam usar o FGTS para comprar ações da Petrobrás e, em 2002, da Vale do Rio Doce. As duas aplicações se revelaram bom investimento. Os parlamentares do bloco de esquerda argumentam que, desta vez, o fundo é incerto e não é uma aplicação em empresas sólidas.
No PSDB, a intenção de alterar partes do PAC também é clara. O partido decidiu apresentar documento com críticas ao programa. ?Há um consenso no partido de que o PAC tem uma visão equivocada do crescimento?, disse o presidente nacional da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), após reunir ontem à noite a Executiva do partido.
Parte do grupo defendeu a tese de que, além das críticas ao plano, o partido também apresentasse um programa alternativo ao do governo. ?Mas isso não faz o menor sentido?, afirmou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Fonte: O Estado de S.Paulo