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21/10/2004

País falha no combate à corrupção

No Brasil, os corruptos permanecem tão corruptos quanto no ano passado. É o que diz um relatório divulgado ontem pela Transparência Internacional, uma organização não-governamental alemã. Publicado anualmente, o documento é um retrato do nível de corrupção em 146 países. Depois, com base na pontuação obtida, as nações foram classificadas em um ranking de honestidade.

  Como no ano passado, o Brasil recebeu 3,9 pontos ? numa escala de 0 a 10, que correspondem, respectivamente, ao maior e menor grau de corrupção ? e ocupa o 59º lugar da lista. Caiu seis posições em relação a 2003, mas apenas devido a uma alteração na quantidade de integrantes do ranking, não porque a situação no país mudou.

  Para a diretora regional da Transparência Internacional nas Américas, Silke Pfeiffer, o Brasil ainda tem um longo caminho no combate à corrupção.

  O governo brasileiro, que garante ter o combate à corrupção como uma de suas prioridades, criou na terça-feira o Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção. A função do órgão é reforçar a estrutura de fiscalização dos gastos públicos e de combate a fraudes na administração pública.

Waldir Pires, ministro-chefe da Controladoria Geral da União, disse entender que a luta do governo não produz efeito imediato na opinião internacional. ?Os brasileiros que acompanham, aqui dentro, o que vem sendo feito, têm outra idéia sobre a luta contra a corrupção?, afirmou.

  Comparados ao Brasil, outros países da América Latina estão em situação pior. O México aparece em 64º lugar na lista, com 3,6 pontos, e a Argentina ocupa o 108º, com 2,5. Mesmo assim, não há o que comemorar. A América Latina e o Caribe são considerados pelo relatório a segunda região mais corrupta do mundo, atrás da África. O Haiti ocupa, ao lado de Bangladesh, a última posição, com apenas 1,5 ponto. Em 140º está o Paraguai, com 1,9, seguido por Guatemala e Bolívia, na 122ª posição.

  A explicação para tais resultados, segundo Pfeiffer, é que todos esses países passaram por processos recentes de democratização e ainda atravessam períodos de crises políticas e econômicas. ??Isso é um problema dos sistemas democráticos, que contam com muitos atores que ainda não assumiram responsabilidades nessas nações??, afirma a diretora.

  Os únicos países da América do Sul que aparecem nos primeiros lugares do ranking são o Chile e o Uruguai. O país andino ocupa a 20ª posição, com 7,4 pontos ? melhor entre os todos os latinos ?, enquanto o Uruguai está em 28º lugar, com 6,2.

  Uma análise das pontuações mostra que a situação é preocupante em todo o mundo. Cento e cinco países dos 146 que compõem a lista estão abaixo da média de 5 pontos. De acordo com o presidente e fundador da Transparência Internacional, Peter Eigen, ??se quisermos alcançar os objetivos do milênio, como o de reduzir até 2015 o número de pessoas vivendo em pobreza extrema, os governos devem atacar seriamente a corrupção na concessão de licitações públicas??.

  No topo do ranking, Finlândia, Nova Zelândia, Dinamarca e Islândia são consideradas as nações mais honestas, com uma pontuação superior a 9,5. Também estão bem posicionados os Estados Unidos, em 17º lugar. O índice é baseado na percepção de empresários, universitários e analistas de mercado de cada nação, e foi calculado segundo os resultados de 18 pesquisas realizadas por especialistas da ONG entre 2002 e 2004.

  Eigen chamou atenção para as posições obtidas no relatório por países ricos em petróleo. Esse setor da economia é considerado um dos mais afetados pela corrupção. Angola, Azerbaijão, Chade e Nigéria são alguns exemplos de nações ricas em reservas petrolíferas e que receberam pontuações extremamente baixas (inferiores ou iguais a 2 pontos).

  Para o presidente da Transparência, ??nesses países os contratos públicos no setor do petróleo são prejudicados pela fuga de receita pública para os bolsos de executivos do Ocidente, intermediários e funcionários locais??.
Fonte: Correio Web