46% das empresas no país sofreram fraude, diz estudo
De acordo com pesquisa da PricewaterhouseCoopers, especializada em consultoria e auditoria em negócios, 46% das 76 empresas ouvidas no Brasil disseram já ter sofrido algum tipo de crime financeiro --nível similar ao detectado na pesquisa mundial, feita em 40 países.
A amostra brasileira faz parte de uma pesquisa que realizou 5.428 entrevistas e concluiu que 43% das empresas ouvidas em 40 países afirmaram ter tido alguma fraude. As respostas do estudo são confidenciais.
Das empresas analisadas no país, 60% contavam com mais de mil funcionários e 34% tinham entre 201 e 1.000.
Os crimes apontados no Brasil pelos executivos entrevistados foram apropriação de ativos, fraude contábil, corrupção, lavagem de dinheiro e violação de propriedade intelectual.
No Brasil, as fraudes foram descobertas por auditoria interna (em 30% dos casos), informações internas (30%), canal de denúncias (14%), indicações externas (14%), sistemas de detecção de transações suspeitas (3%) ou por causa da rotação de pessoal (5%).
O estudo aponta que 36% dos fraudadores detectados nas empresas brasileiras ocupavam cargos de alta ou média gerência e 88% eram homens.
Nenhum recurso perdido por causa da fraude foi recuperado em 67% dos casos apontados e, em 23%, as empresas tiveram de volta até 60%. Em 10% das fraudes a empresa reouve mais de 60% dos recursos perdidos.
Entretanto, as empresas se disseram otimistas quanto à ocorrência de corrupção. Apenas 3,5% dos empresários brasileiros entrevistados consideraram muito provável que outra fraude aconteça na empresa. Para 54% dos participantes, é muito improvável que ocorram novos casos.
Douglas Linares Flinto, diretor do Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios, afirma que, apesar de o universo da pesquisa ser pequeno, ele é representativo. Flinto diz que o debate sobre corrupção no setor privado, geralmente, fica restrito a conversas de bastidores, mas que as empresas deveriam ser transparentes para incentivar e punir casos de fraudes.
O representante do instituto disse que o número de casos de corrupção descoberto por informações internas foi pequeno. "As empresas deveriam incentivar que os funcionários ajudassem a detectar o crime."
Fonte: Folha Online