Indústria pára de crescer
A produção industrial brasileira registrou em setembro uma alta de 7,6% em relação ao mesmo mês do ano passado, de acordo com levantamento divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, entre agosto e setembro o nível de atividade se mostrou estável, na série livre de influências sazonais. A estabilidade interrompe uma seqüência de seis meses consecutivos de alta na produção e está em linha com a pesquisa divulgada na última terça-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que mostrou uma ligeira queda no nível de utilização da capacidade, de 0,3 ponto percentual entre agosto e setembro.
Em setembro, o Banco Central elevou a taxa básica de juros pela primeira vez desde fevereiro de 2003, o que, em tese, contribui para esfriar a economia. No entanto, de acordo com o chefe de Coordenação da Indústria do IBGE, Silvio Sales, a alta do juros não motivou a estagnação do setor. De acordo com ele, o ritmo de produção é planejado e definido com antecedência.
- A oscilação dos juros mexe com a expectativa do consumidor e dos empresários com relação a investimentos, mas sempre com alguma defasagem - disse.
Para Sales, a estabilidade reflete os resultados de indicadores como vendas industriais e comércio varejista, que mostraram desaceleração. Apesar da perda de fôlego, Sales afirma que a estabilidade não representa uma reversão de tendência.
- O emprego industrial continua crescendo. E os salários industriais e o nível de utilização da capacidade que medem o ritmo da atividade não apontam o início de uma reversão - disse.
Nos nove primeiros meses do ano, segundo o IBGE, o índice acumula alta de 9% e, nos últimos 12 meses, 7,2% de expansão. Nas comparações trimestrais, os índices para esse terceiro trimestre são positivos, tanto frente a igual período de 2003 (10,5%), quanto em relação ao trimestre imediatamente anterior (2,6%).
O setor de bens de capital recuou 2,5%, após crescer nos dois meses anteriores, chegando a acumular alta de 3,3% entre julho e agosto. A produção do setor de bens de consumo duráveis caiu 1,9%, depois de registrar seis resultados positivos consecutivos, representando um crescimento de 17,2% de fevereiro a agosto.
No total, 12 setores registraram alta (destaque para as indústrias de alimentos, com crescimento de 3,1% e bebidas, com alta de 5,6%). Por outro lado, as principais pressões negativas vieram da indústria de fumo, com queda de 28,1%; máquinas, aparelhos e materiais elétricos, com recuo de 6,1% e outros produtos químicos, com baixa de 1,2% no período. Fonte: JB Online