IOF é medida inócua para conter queda do dólar, diz analista
"O déficit de transações correntes está sendo criado porque as importações estão crescendo 50%, enquanto as exportações registram uma expansão de 20%", disse. O ex-ministro destacou que o forte avanço das compras de produtos de outros países não se restringe à aquisição de máquinas e equipamentos, mas também de bens de consumo e bens intermediários, um fenômeno vinculado diretamente com a forte expansão da demanda doméstica.
"O avanço do consumo interno indica que o Brasil está crescendo mais do que pode", disse. "A medida mais adequada para reverter esta situação é o Banco Central elevar os juros a partir da próxima reunião (15 e 16 de abril). Para mim, será necessário subir a Selic em 200 ou 300 pontos-base num horizonte de 12 meses", acrescentou.
Mendonça de Barros ressaltou que a criação do IOF para investidores estrangeiros em renda fixa não deve fazer efeito, pois o investidor estrangeiro que quiser comprar títulos públicos sem pagar a alíquota de 1,5% pode adotar a seguinte medida: pedir para que um banco no Brasil compre o papel do governo e emita um título para o investidor. Daí, a instituição financeira cobrará do cliente no exterior os custos relativos à operação, cujos dólares acabarão sendo internalizados no País pelo banco que adquiriu o título público.
O ex-ministro elogiou as outras duas medidas anunciadas pelo ministro Guido Mantega, que são o fim da cobertura cambial das vendas externas pelas empresas e a extinção do pagamento do IOF pelos exportadores. Mendonça de Barros afirmou que o encerramento da cobertura cambial é relevante, pois a exigência gera elevadas perdas para as companhias em operações de compra e venda de dólares, que para algumas grandes empresas podem ficar próximas a US$ 100 milhões por ano.