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06/12/2004

Mulheres lutam contra burocracia para ampliar negócios

Comerciante no Distrito Federal há 15 anos, Marlene Monteiro Coelho passou os últimos três tentando regularizar a situação de sua empresa, que é informal. O excesso de burocracia nos papéis exigidos e a necessidade de ter um local para o registro que não fosse sua casa a impediram de ir adiante. Ela acabou adiando o sonho de oficializar sua microempresa de pronta entrega de alimentos no Riacho Fundo. As dificuldades de registrar uma empresa e pagar regularmente os impostos tiram a formalidade dos planos da grande maioria das mulheres empreendedoras.

Uma pesquisa qualitativa, feita pelo Sebrae com mulheres empreendedoras do DF, mostra que das informais entrevistadas apenas 5% tentaram regularizar a situação da empresa. Desistiram em função da burocracia e do alto custo. As informais acabam sendo duplamente discriminadas. Não se formalizam porque não têm tempo, recursos e endereço para apresentar. E por não se regularizarem, perdem acesso a muitas vantagens, como programas governamentais e acesso a crédito. A dificuldade de formalizar o negócio foi apontada também pelas empresárias que já são formais.

A falta de capital de abertura e posteriormente capital de giro para tocar o negócio são outros fatores que emperram a vida dos empreendimentos. Há dificuldade para adquirir estoques e manter o fluxo financeiro. Exceção entre as entrevistadas, Marlene conseguiu há menos de dois meses ter acesso a recursos de microcrédito oferecido pela Secretaria de Trabalho do DF. O dinheiro, R$ 3,3 mil, foi utilizado para comprar duas bicicletas que puxam carrinhos de fritar pastéis.

Falta crédito
É um incremento para sua atividade, que antes se limitava a cozinhar e vender marmitas por encomenda. Diferentemente da autônoma, o acesso a empréstimos e financiamentos é apontado como uma grande dificuldade para a expansão dos negócios. A maioria das microempresárias de classes C e D entrevistadas pelo Sebrae, tanto formais quanto informais, contou apenas com empréstimos familiares. A família funciona como um amortecedor em períodos de desemprego e um investidor para estimular a pessoa sem trabalho.

O desemprego é realmente a grande mola que impulsiona as mulheres de classes mais pobres a optarem por abrir um negócio. Das entrevistadas, 90% entraram no ramo em busca de renda. Muitas já possuíam uma ocupação anterior e começaram vendendo produtos, principalmente no local de trabalho. Menos de 5% das entrevistadas do setor informal viraram empreendedoras por vocação e não por necessidade.

Entre as formais que também fazem parte das classes C e D, a entrada no ramo dos negócios se deu como forma de complementar a renda por motivos não previstos, como, por exemplo, a demissão do marido ou por necessidade de complementar a renda da família. ??Elas não estão decididas como empreendedoras. Entraram para fugir do desemprego. Quanto maior o desemprego, maior é o número de informais??, afirma Etel Tomaz, assessora da Diretoria de Administração e Finanças do Sebrae.

As razões que levam as mulheres a abrirem uma empresa se diferenciam quando se compara com classes com maior poder aquisitivo. Entre as entrevistadas das classes A e B, a maioria iniciou o negócio em função de uma oportunidade e não por necessidade imediata de gerar uma renda para si ou para a família. Todas trabalhavam em outros ramos e se tornaram empreendedoras como forma de diversificar a atividade profissional.

O sucesso da empresa também varia, segundo o economista Dércio Munhoz. As empresas formais tendem a possuir um processo de planejamento maior que as informais que nascem da necessidade de gerar recursos. ??Para ter sucesso é preciso ter produtos diferenciados para não disputar mercado com outras pessoas, já que o mercado não cresce??.

O nível de satisfação também se diferencia muito. As pessoas que precisaram recorrer ao empreendedorismo para sustentar a família se dizem insatisfeitas com o negócio e reconhecem que deixariam de ser empresárias caso surgissem melhores oportunidades como assalariadas. As formais sonham com uma vaga em um concurso público e as informais se contentariam apenas com um salário fixo no fim do mês. Já as formais mais abastadas se dizem satisfeitas com o lado profissional e não planejam deixar de ser empresárias. Fonte: Correio Braziliense